quarta-feira, 24 de novembro de 2010

3. O CINEMA COMO ARTE


O cinema é um artefato cultural criado por determinadas culturas, que refletem as mesmas e, por sua vez, as afetam. O cinema é considerado uma importante forma de arte, uma fonte de entretenimento popular e um método poderoso para educar - ou doutrinar - os cidadãos . Os elementos visuais dão aos filmes um poder de comunicação universal. Alguns filmes se tornaram mundialmente populares ao usarem técnicas de dublagem ou legendas, que traduzem o diálogo.

O termo sétima arte para designar o cinema foi dado por Ricciotto Canudo no Manifesto das Sete Artes[1], em 1911 (publicado apenas em 1923). Ricciotto Canudo foi um teórico e crítico de cinema pertencente ao futurismo italiano, que se destacou por sua preocupação teórica sobre a realidade do cinema e suas possibilidades em um futuro de maior evolução técnica. Em 1911 publicou em Paris um artigo intitulado "La Naissance d'un sixième art. Essai sur le cinématographe", considerado como o primeiro texto no qual se define o cinema como uma arte, a sétima arte, na qual se resumem as demais artes. Cada uma das artes é caracterizada pelos elementos básicos que formam sua linguagem e classificadas da seguinte forma:

1ª Arte - Música (som);

2ª Arte - Dança/Coreografia (movimento);

3ª Arte - Pintura (cor);

4ª Arte - Escultura (volume);

5ª Arte - Teatro (representação);

6ª Arte - Literatura (palavra);

7ª Arte - Cinema (integra os elementos das artes anteriores mais a 8ª e no cinema de animação a 9ª).

Outras formas expressivas também consideradas artes foram posteriormente adicionadas ao manifesto:

8ª Arte - Fotografia (imagem);

9ª Arte - Banda desenhada (cor, palavra, imagem);

10ª Arte - Jogos de Computador e de Vídeo (alguns jogos integram elementos de todas as artes anteriores somado a 11ª, porém no mínimo, ele integra as 1ª, 3ª, 4ª, 6ª, 9ª arte somadas a 11ª desde a Terceira Geração dos Videogames);

11ª Arte - Arte digital (integra artes gráficas computadorizadas 2D, 3D e programação).

A preocupação de Canudo sobre o futuro da arte cinematográfica, recaiu sobre pensadores futuros e contemporâneos a nós de uma forma um pouco diferente. Se para ele , a técnica era uma interrogação, para muitos , que já entendiam décadas depois sobre o mote, esta era a aplicabilidade da arte como forma de ensino.

Afinal de contas, a arte é uma forma de aprendizagem? Ela a deve ser?

Walter Benjamin (1892 — 1940) ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão) tinha seu ensaio “A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica” a primeira grande teoria materialista da arte. Ele tratou de discutir a perda da aura da arte. Esta aura, nada mais era que a questão originalidade, que , em algumas discussões, perdia sua força e existência devido a reprodução. Com o progresso da reprodução, principalmente no cinema, a aura, desapareceria quase que por completo. E não estava tão errado assim: muito do que vemos hoje pode ser considerado de cópia de algo bem original do passado, haja visto os “enlatados” e os famosos “remakes”. Para Benjamin quando a arte perdia tal status, perdia também sua força de convencimento , de entretenimento. De acordo com Walter Benjamin “A perda da aura e as conseqüências sociais resultantes desse fato são particularmente sensíveis no cinema, no qual a reprodução de uma obra de arte carrega consigo a possibilidade de uma radical mudança qualitativa na relação das massas com a arte.”

Benjamin ainda salienta:

Embora o cinema exija o uso de toda a personalidade viva do homem, este se priva de sua aura. Se, no teatro, a aura de um MacBeth, por exemplo, liga-se indissoluvelmente à aura do ator que o representa, tal como essa aura é sentida pelo público, fico, o mesmo não acontece no cinema, no qual a aura dos intérpretes desaparece com a substituição do público pelo aparelho. Na medida em que o ator se torna acessório da cena, não é raro que os próprios acessórios desempenhem o papel de atores.

Segundo suas idéias, a beleza imposta aos olhos pela natureza, não é a mesma exposta pela câmera, e isso ia de encontro ao pensamento materialista. Mas, “por outro lado, esse processo contém um germe positivo, na medida em que possibilita outro relacionamento das massas com a arte, dotando-as de um instrumento eficaz de renovação das estruturas sociais” dizia Benjamin.

Massificar a arte do cinema, parece uma questão distante da necessidade humana. Como não, então, utilizar de seus feitos para aprimorar a aprendizagem.

Isso já é , ou já foi, feito várias vezes pelo gênero documentário, que apresenta fatos e muitas vezes nos faz pensar, mesmo que direcionado retamente a um assunto apenas. Alienando ou não, o fato é que , ao assunto abordado, nos serve quando nos interessa.

E se aleatoriamente nos fosse apresentado um filme que abordasse , ou que citasse, a matemática como ciência, ou suas derivações já desenvolvidas ? Despertaria-nos a curiosidade de ir alem e discutir? De pesquisar e aprimorar nosso conhecimento?

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