quarta-feira, 24 de novembro de 2010

4. CINEMA E EDUCAÇÃO


No Brasil, no começo do século XX, iniciou-se uma discussão sobre a aplicabilidade do cinema na educação.

Através de publicações da imprensa e em revistas especializadas de diversos setores, educadores, cineastas e diversos outros profissionais desenvolveram uma intensa reflexão sobre os usos do cinema, como um instrumento a serviço da educação do homem. O pensamento católico também se dedicou à questão do cinema educativo, preocupado com a questão moral dos filmes exibidos. A Igreja criou os Cineacs, salas de cinema nas paróquias e associações católicas, que tinham por objetivo apreciar os filmes segundo as normas traçadas pela Igreja .

Estes trabalhos deram origem a criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo, o INCE, dirigido por Roquette-Pinto, e tendo o cineasta Humberto Mauro como técnico do Instituto. Entre 1936 e 1964, Mauro realizou 357 filmes pedagógicos e científicos. Nas décadas de 30 e 40, principalmente, os filmes produzidos tinham o objetivo de retratar o Brasil, mostrando a natureza exuberante e o homem primitivo.

Na mesma década de 20, a idéia de usar o cinema como instrumento pedagógico já era difundida por vários países do mundo (Estados Unidos, Alemanha, França, Canadá, União Soviética etc.). Marc Ferro, historiador francês nascido em 1924, afirma, ao analisar a relação entre cinema e o poder soviético, que

expressões como "apoderar-se do cinema", "controlá-lo", "dominá-lo" encontrava-se facilmente entre os altos escalões do governo soviético. Na URSS, "o cinema educativo, o cinema científico e de animação ocupam um lugar privilegiado no programa cultural (...) o documentário, o cinema 'para os camponeses', o documento-cinema são considerados igualmente como essenciais.

Há de ser levado em conta o interesse primordial das nações ao vincular o cinema à educação, visto ser uma ferramenta de extrema facilidade de absorção e que não requer grandes formações educativas. A Alemanha nazista e a Itália fascista investiram tanto nesta idéia que, no Brasil, os governos compraram a idéia em sua totalidade, ou seja, cinema para educar e controlar.

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